16/12/2008


Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.


Eis que um sujeito entra numa estação de metro: veste calças de ganga, t-shirt e boné, encosta-se próximo da entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos transeuntes.


Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram cerca de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post pretende lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos habituados a dar valor às coisas quando estão num determinado contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artigo de luxo sem etiqueta de marca.
Um exemplo daquelas tantas situações que acontecem nas nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos importância porque não vêm com etiqueta.

O que é que tem valor real para nós, independentemente de marcas e preços?
É o que o mercado diz que devemos ter, sentir, vestir ou ser?

Esta experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela comunicação social e pelas instituições que detêm o poder financeiro.

Mostra-nos como os nossos movimentos são condicionados quando estamos no meio do rebanho.


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