17/07/2007

AUROVILLE

A Cidade Universal

"Auroville pretende ser uma cidade universal,onde homens e mulheres de todos os países podem viver em paz e progressiva harmonia, acima de qualquer credo, politica ou nacionalidade. O propósito de Auroville é alcançar a união da humanidade."



Situada no sul da India, Auroville começou a ser projectada em 1955, quando surgiu a ideia de construir uma cidade internacional voltada para o novo homem da nova era.

Reconhecida em 1966 pela Assembleia Geral da Unesco como cidade dedicada ao entendimento entre os povos e à paz, Auroville foi inaugurada em fevereito de 1968 numa cerimonia com a presença de cinco mil pessoas de todo o mundo.
Conta actualmente com cerca de dois mil habitantes, um terço das quais indianas.

Para conhecer melhor os fundamentos de Auroville:
http://www.auroville-international.org/avibr/index2.htm




10/07/2007

Encosta-te a mim...




Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,estou a partilhar contigo
o que não vivi,
hei-de inventar contigo
sei que não sei,
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,desatinamos tantas vezes
vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,estou a partilhar contigo
o que não vivi,um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim


Jorge Palma

06/07/2007


O Espirito poisou no Oeste

Há um novo habitante nas terras do Bombarral que veste calças de linho, túnicas coloridas e anda por aí a dizer que a espiritualidade é a base de tudo na vida.
(...)
Para quem pensa estar perante mais um solitário naufragado nas suas utopias, Alfredo Sfeir-Younis avisa: "Não saí de um mosteiro ou de uma gruta, venho do Banco Mundial e uso a economia espiritual para promover a auto-cura do mundo."

Nascido no Chile, há 59 anos, o economista ambiental passou décadas a viajar por grande parte do mundo, trabalhou quase 30 anos no Banco Mundial, mas vive agora numa aldeia do Bombarral: "Columbeira foi uma descoberta do destino. Não tenho outra residência no mundo nem no meu país ou nos Estados Unidos onde vivi 34 anos."
É na Columbeira que Sfeir-Younis desenvolve o seu trabalho. "Tenho uma instituição, que não precisa de prédios nem delegações e não tem fins lucrativos - o Instituto Zambuling para a Transformação Humana".
(...)
"Despertar a consciência colectiva é, portanto, a meta do chileno: "A nossa realidade é produto de uma consciência colectiva e a economia espiritual assenta em valores que são comuns a todos nós como a paz, a tolerância, a segurança ou a igualdade."
O problema, adverte, é que uma boa parte dos que vivem neste planeta estão a milhas desse objectivo: "Vivemos preocupados em ter um carro só nosso, uma casa só nossa e por aí adiante. O capitalismo individualizou-se."E se alguém pensa que estes conceitos são demasiado esotéricos, Sfeir-Younis desfaz o preconceito.
A própria natureza do capitalismo assenta na espiritualidade, explica o novo habitante da Columbeira.
(...)
"A crise do modelo capitalista é justamente a quebra de confiança. Agora temos medo de viajar, de conhecer outros países porque não sabemos se no próximo minuto vai explodir uma bomba."
Mas teremos nós de abdicar de tudo o que é bom na vida para alcançar o novo paradigma?
A resposta do ex-economista do Banco Mundial é um suspiro de alívio para quem pensava que teria de deixar de beber Coca-Cola ou desistir de ter o último modelo de telemóveis de terceira geração: "Não condeno uma pessoa por ter um carro topo de gama. O problema é se a sua felicidade depende de ter ou não um automóvel de luxo."
Afinal, explica Sfeir-Younis, todos os produtos que consumimos têm uma força espiritual:
"O sofá onde me sento foi feito por uma pessoa, a camisa que visto foi costurada por vários empregados de uma fábrica têxtil e cada objecto é a tradução do espírito de quem investiu o seu tempo para o fabricar." O equilíbrio está então em repartir o material e o espiritual em doses iguais.

Este é o novo paradigma que Alfredo Sfeir-Younis defende: "Temos de procurar tanto o que está fora como o que está dentro de nós e vice-versa." E para isso basta valorizar um pouco mais o nosso "poder interior". No fundo, trata-se de desconstruir aquilo que a medicina chama de efeito placebo: um médico receita um medicamento a um paciente que nada tem porque sabe que ele acredita nas propriedades terapêuticas do remédio e vai sentir-se curado:
"Essa crença é o poder interior que faz dinheiro, faz casas, faz um país, e as suas políticas."

Resta saber se a voz do chileno conseguirá atravessar a aldeia do Bombarral e chegar a outras paragens: "Tenho de fazer as coisas ao gosto e ao tempo dos portugueses", diz Alfredo Sfeir-Younis.


in Diário de Noticias