14/06/2007

Talvez o único animal que o homem não terá domado...

Há pouco, à janela electrónica, diante do fio de água do tempo correndo, dei comigo a pensar que o arpão do século XIX agora encontrado numa baleia capturada no Alasca era afinal um corvo que não tocou na lâmpada. Nesse instante, a fonte de Trevi secou. E fechei a janela.

09:15 14 de Junho 07 - Fernando Alves


O Corvo e a Baleia do Alasca

Conta a lenda que um corvo muito vaidoso sobrevoava o mar e voou demasiado longe,pelo mar dentro. Já cansado e sem forças, quando se preparava para mergulhar nas águas para sempre, avistou uma baleia e aproximou-se dela.
Viu no interior da baleia uma espécie de gruta muito arranjada e lá dentro uma rapariga que segurava uma lanterna. Ela deu-lhe as boas vindas:
- Está à vontade! Mas, por favor, nunca toques na minha lanterna.
Ele prometeu nunca lhe mexer.A jovem parecia muito inquieta, sempre a levantar-se, de modo a respirar a ar que a baleia respirava quando vinha à superfície. A rapariga era, afinal, alma da baleia.
O corvo começou a sentir curiosidade pela lanterna da jovem e, assim que ela voltou a sair, tocou na lanterna. E logo se apagou a chama do coração da baleia que se transformou numa imensa carcaça flutuante.
Agora de nada valia ao corvo arrepender-se. O mal estava feito. A bela e confortável casa desaparecera e ele encontrava-se no meio de uma profunda escuridão, sentindo, à sua volta, o cheiro do óleo e do sangue da baleia. Lutou para sobreviver no meio do sangue e da escuridão e, por fim, conseguiu arrastar-se para fora da boca da baleia. Exausto, atirou-se para cima da carcaça, entretanto empurrada para a margem. As pessoas saíram nos seus caiaques para a puxarem para terra.
Ao avistá-las, o corvo transformou-se num homem e tomado pela estúpida vaidade gabou-se aos outros homens: "Matei a baleia! Matei a baleia!"
E como era uma proeza muito grande nessa altura, tornou-se numa pessoa importante entre os homens.

Sem comentários: