28/06/2008



Felicidade Interna Bruta


Butão é um pequeníssimo reinado hereditário nas encostas do Himalaia, espremido entre a China, a Índia e o Tibete. Não tem mais que dois milhões de habitantes, cuja maior cidade é a capital Timphu com cerca de cinquenta mil moradores.
O Butão está ameaçado de desaparecer dentro de poucos anos caso os lagos do Himalaia continuarem a encher devido ao degelo e chegarem a transbordar.
Governado por um rei e por um monge que possui quase a autoridade real, é considerado um dos menores e menos desenvolvidos países do mundo. Contudo, é uma sociedade extremamente integrada, patriarcal e matriarcal simultaneamente, sendo que o membro mais influente se transforma em chefe de família.
Butão possui algo único no mundo e que todos os países deveriam imitar: o "índice de felicidade interna bruta".
Para o rei e o monge governante o que conta em primeiro lugar não é o Produto Interno Bruto medido por todas as riquezas materiais e serviços que um pais ostenta, mas a Felicidade Interna Bruta, resultado das políticas públicas, da equitativa distribuição da riqueza que resulta dos excedentes da agricultura de subsistência, da criação de animais, da extração vegetal e da venda de energia à Índia, da ausência de corrupção, da garantia geral de uma educação e saúde de qualidade, com estradas transitáveis nos vales férteis e nas altas montanhas, mas especialmente fruto das relações sociais de cooperação e de paz entre todos.
Por detrás deste projeto político funciona uma imagem multidimensional do ser humano. Supõe o ser humano como um nó de relações orientado em todas as direcções, que possui sim fome de pão como todos os seres vivos mas principalmente é movido pela fome de comunicação, de convivência e de paz que não podem ser compradas no mercado ou na bolsa. A função do governo é atender à vida da população na multiplicidade de suas dimensões. O seu fruto é a paz.
Butão dá-nos um belo exemplo.
Sábia foi a observação de um pobre de nossas comunidades que comentou:
"Aquele homem é tão pobre mas tão pobre que tem apenas dinheiro".
E era notoriamente infeliz.
Leonardo Boff


1 comentário:

Anónimo disse...

UM AMIGO MEU JÁ ME TINHA FALADO NISSO. PELO QUE TENHO OBSERVADO(EM CONTEXTO DIFERENTE E, APENAS EM PESSOAS ISOLADAS, SEM TER A VER COM O PIB), AS PESSOAS QUE SE ENCONTRAM ECONÓMICAMENTE FOLGADAS E VIVENDO DE ACORDO COM AS SUAS OPÇÕES ESPIRITUAIS, REVELAM E TRANSMITEM MUITA FELICIDADE.